Blog criado para o acompanhamento das actividades realizadas pelo TFA Teatro de Formas Animadas de Vila do Conde, e para o conhecimento, discussão e troca de experiências sobre todos os tipos de Formas Animadas: marionetas, máscaras, sombras, imagem manipulada, etc.

12/06/2006

"Convidado" no Porto: sucesso de público!


Depois da boa estadia do Teatro de Papel/Anfitrião em Lisboa, o TFA apresentou em Novembro o seu Teatro de Papel/Convidado de Pedra, em temporada estável no Teatro Nacional São João, no Porto. Uma boa divulgação, somada ao excelente trabalho de organização do Teatro Nacional proporcionou uma verdadeira avalanche de público, que lotou grande parte das sessões realizadas! Um sinal positivo para a futura digressão do espectáculo, que deverá arrancar já a partir de Janeiro. Coimbra e Montijo já estão entre as várias cidades que preparam-se para receberem ao longo de 2007 o nosso projecto, cuja principal vocação tem sido o contacto com os jovens e a formação de públicos.
Também de Espanha vem um bom vento, indicando um novo casamento para este Dom João Tenório no próximo ano, que poderá assim avançar para o mercado internacional, acompanhado pelo criado Catalinon e todo o "elenco" do Convidado de Pedra. Olé!

10/25/2006


TFA EM LISBOA:
BALANÇO DA TEMPORADA

Como balanço final da temporada do Teatro de Formas Animadas de Vila do Conde no D. Maria II, decorrida no último mês de Outubro, assinalamos que a companhia comitense obteve grande êxito na afluência do público e na opinião geral dos espectadores.

Tal deslocação à capital integrou-se numa extensa programação para o Teatro Nacional (2006 e 2007), que começou justamente com o ciclo dedicado à obra de António José da Silva, o Judeu, e incluiu ainda mais dois espectáculos: “Os encantos de Medeia”, pelas Marionetas do Porto, e “As Guerras de Alecrim e Manjerona”, numa produção do próprio Teatro Nacional.
Sobre o desempenho do TFA na capital, Tiago Bartolomeu Costa (Associação Portuguesa de Críticos de Teatro) escreve: “um dos mais fascinantes projectos teatrais dos últimos anos apresenta-se, finalmente, em Lisboa. O trabalho de Marcelo Lafontana a partir dos teatros de papel dá às suas adaptações teatrais a ilusão e o fascínio certeiros que derrubam qualquer preconceito em relação ao teatro de marionetas.” O crítico acrescenta ainda que “Teatro de Papel/Anfitrião, pelo Teatro de Formas Animadas, de Vila do Conde, constitui-se como exemplo de reformulação dos clássicos, ao mesmo tempo que dá visibilidade a uma prática bastante corrente no norte da Europa, o teatro de marionetas, e por cá relegada para um segundo plano. É, por isso, de aplaudir que o TNDMII abre a (sua) programação com tal proposta, no que se espera ser uma prática a seguir, com um investimento claro em outras formas de criação teatral de qualidade.”
No programa de sala publicado pelo TNDMII, o seu director, Carlos Fragateiro, afirma que “Anfitrião, o espectáculo que aqui apresentamos, assinala um momento alto no percurso do Teatro de Formas Animadas de Vila do Conde e revela que, fora dos circuitos da capital, se faz um trabalho de excelência.”
O nosso espectáculo destinou-se simultaneamente ao público em geral e a grupos escolares. As sessões para estudantes foram organizadas pelo novíssimo Departamento Educativo do Teatro Nacional e incluíram debates sobre o texto, o autor e a montagem.

9/01/2006

DEPOIS DAS FÉRIAS, VOLTAMOS EM FORÇA!


Mais animados do que nunca, e depois de um breve período de férias em Agosto, a família TFA retoma a sua actividade normal, com novas e boas notícias para todos os seus espectadores:

Convidado de Pedra para professores
O espectáculo Teatro de Papel/Convidado de Pedra regressa à cena no Teatro Nacional São João já em Setembro, com três sessões exclusivamente dedicadas aos professores e programadores de teatro. Esta mini-temporada tem por objectivo possibilitar aos agentes culturais e escolares o visionamento prévio da peça e a sua discussão com o encenador e os actores. As apresentações serão realizadas nos dias 25/9 às 21h30, e nos dias 26/9 e 27/9 às 18h30. Os interessados em aderir ao evento deverão entrar em contacto com o Departamentode Relações Públicas do TNSJ, no próprio local ou através do telefone 223401951.
Anfitrião na capital
Teatro de Papel/Anfitrião, a peça que deu início ao projecto de colaboração entre o TFA e o TNSJ, em 2003, já percorreu mais de uma dezena de localidades em Portugal, tendo sido apreciada por milhares de espectadores. Pois agora, dando resposta ao convite do Teatro Nacional Dona Maria II, o espectáculo será apresentado em Lisboa, numa temporada entre os dias 6 e 22 de Outubro.
...e de volta ao Porto
Em Novembro, no Teatro Nacional São João, realizaremos finalmente a nossa temporada estável do Teatro de Papel/Convidado de Pedra. A estreia está marcada para o dia 14/11, e a peça permanecerá em cena até o dia 30/11, com sessões para escolas e o público em geral. Para mais informações, deve-se contactar a bilheteira do TNSJ.
Por fim (por enquanto),
Aguardamos também a confirmação das datas para a realização da temporada estável de apresentações do nosso Convidado de Pedra em Vila do Conde, em parceria com a Câmara Municipal e as escolas deste concelho.
Vivam as formas animadas!

8/04/2006

PANDORA


“A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
são as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.”

Alberto Caeiro
In O Guardador de Rebanhos (v. VIII)


No ano lectivo 2005/2006, o TFA desenvolveu um trabalho de colaboração com a recém criada Escola Secundária Afonso Sanches de Vila do Conde, criando e orientando o grupo de teatro escolar. A experiência, orientada pelo encenador Marcelo Lafontana e a professora Sandra Cardoso, terminou no dia 9 de Junho passado, com a apresentação pública do espectáculo “Pandora”, que reuniu em palco a professora Sandra e uma dezena de dedicados actores-alunos, estudantes do 10º, 11º e 12º anos. Eis, a seguir, a transcrição da folha de sala da peça:

“Aprendemos sempre, ao longo de toda a nossa vida, numa ânsia desenfreada por saber mais, experimentar, evoluir e superar os nossos próprios limites. Esta será, provavelmente, a principal razão do nosso sucesso no mundo, e também a causa maior de todos os nossos males nele. Aprendemos às voltas com as nossas sensações, com os nossos erros e acertos, na relação que estabelecemos com os outros seres e com o meio envolvente. Nesse jogo vital, somos movidos pelo prazer da descoberta, alimentados por uma enorme e irresistível curiosidade.

Segundo a lenda grega de Pandora, a humanidade terá recebido duas dádivas divinas: de Prometeu veio o benefício do fogo, contra a vontade dos outros deuses, e de Zeus o malefício da curiosidade, como castigo pela afronta de tal poder. A curiosidade é o preço do fogo. Ao receber a caixa fechada, secreta e proibida, Pandora não é capaz de resistir à tentação de a abrir e, tal como a outra senhora – a Eva bíblica – entorna sobre a raça humana a consciência do bem e do mal, do prazer e da dor, da vida e da morte. E ainda bem!
Com os alunos da Escola D. Afonso Sanches, tive o privilégio de poder abrir novamente esta nova Caixa de Pandora, que é o teatro, e deixar escapar os anjos e demónios que fazem parte da nossa humanidade. Certa vez, ouvi o actor e escritor brasileiro Plínio Marcos dizer: “o teatro deve ser uma tribuna livre, onde se discutem os problemas dos homens”. É assim que eu compreendo este espaço de expressão artística, mas não é nada fácil chegar aí. Na nossa arte temos que mostrar-nos de uma forma muito límpida e honesta, abrir o coração ao público e expor as nossas ideias e emoções mais íntimas. Este processo, que começa no segredo do grupo de trabalho, envolve uma relação de grande confiança e cumplicidade entre todos, para além do aprendizado e a articulação de um vocabulário técnico, cénico, que será utilizado na composição do jogo dramático.
Meses depois, vem o encontro tão desejado com o espectador. Um frio na barriga... Estaremos prontos? Depois desses anos todos, posso afirmar que não. Nunca estaremos prontos. E é isso que importa: a incerteza, a expectativa que se cria, a adrenalina, uma aura de magia nos envolve a todos. Levantamos a tampa, e é a vontade que supera o medo, e nos faz entrar em cena. Depois são os aplausos e, ainda mais tarde, as conversas, críticas (que aprendemos a respeitar ou ignorar), as leituras pessoais partilhadas com os actores. E o vício instala-se, o tempo passa e a caixa fecha-se mais uma vez. Por pouco tempo: só até chegar uma nova Pandora. Sempre Pandora. Viva Pandora!”

8/03/2006

Teatro de Papel / Convidado de Pedra


O TFA, em co-produção com o TNSJ, realizou no dia 1 de Julho passado a pré-estreia do seu mais recente espectáculo: Teatro de Papel/Convidado de Pedra, no Salão Nobre do Centro Municipal de Juventude de Vila do Conde. Trata-se de um projecto realizado com o apoio do IA - Instituto das Artes, e que ficou classificado em segundo lugar no concurso nacional para o ano 2006. Depois desta primeira apresentação, a peça fez a sua estreia mundial no dia 8 de Julho, no Teatro Municipal S. Luiz, em Lisboa.

A partir do texto original de Tirso de Molina (1630), com tradução de José Coutinhas e encenação de Marcelo Lafontana, a peça constitui um projecto nómada e portátil, visando a conquista de novos públicos, a integração de novas linguagens e sugerindo o acesso do espectador a outros espectáculos teatrais. Este curioso armário barroco, espécie de contentor miniaturizado do modelo arquitectónico e programático do TNSJ, vocacionado para a itinerância, cumpre assim a sua função de descentralização ao percorrer os palcos nacionais.

Resumo da intriga

D.João, inveterado sedutor, conquista as mulheres, faz amor com elas e abandona-as logo após. Mulheres, sempre mulheres, num apetite insaciável de enganador-coleccionador. Plebeias e nobres. Uma destas descobre o logro (D.João faz-se passar pelo seu apaixonado primo). O pai acorre para vingar a honra perdida da filha. D.João, tão exímio na arte do duelo como na da conquista, mata o pai da seduzida. Um dia, a estátua de pedra que encima o sepulcro do nobre senhor anima-se... É o fantasma, o revenant, o pai da donzela que vem do outro mundo, pela vingança, buscar o sedutor
e o vai arrastar para o inferno como anunciam, à maneira dos coros trágicos, os músicos da companhia:
"E que o devedor não pense
que Deus castigo não traga;
o prazo sempre se vence
e a conta sempre se paga."

Próximas apresentações Teatro de Papel/Convidado de Pedra:
  • Dias 25, 26 e 27 de Setembro no TNSJ (para professores e programadores teatrais)
  • De 13 a 30 de Novembro no TNSJ (temporada estável)

11/23/2005

São João de Papel

O espectáculo "Teatro de Papel/Anfitrião", uma co-produção do TNSJ com o TFA, percorreu em 2005 mais de dez cidades do país, tendo sido visto por espectadores de Vila Real à Faro. Em 2006, a peça volta à cena no Teatro Nacional São João, numa temporada exclusiva PARA ESCOLAS, entre 6 e 24 de Março. O texto abaixo descreve o projecto, nas palavras de José Luís Ferreira - Director do PoNTI - Festival de Teatro (do caderno de criação do espectáculo):

"Senhoras e senhores, eis a terceira sala deste Teatro Nacional. O Teatro Nacional São João de Papel. Quase aproximadamente igual ao orgulhoso edifício que Marques da Silva construiu na Praça da Batalha, mas surpreendentemente mais pequeno. Habitam-no um outro género de actores, gente plana, de dupla face, que surge e desaparece a uma velocidade vertiginosa.
Em 2004, a propósito do PoNTI’04/XIII Festival da União dos Teatros da Europa, conseguimos finalmente concretizar o projecto que o Teatro de Formas Animadas nos propusera já há algum tempo. Assistimos enfim à construção deste pequeno grande armário barroco que transporta, para além do perfil arquitectónico desta casa, também a sua capacidade de desencadear aqueles momentos de magia pura a que chamamos Teatro. Do manancial infindo de possibilidade que esta nova “sala” nos confere — a nós, Teatro Nacional São João e às nossas vontade e necessidade de chegar a outros públicos, de integrar outras linguagens, de criar formas de acesso a mais Teatro, a mais repertório, a mais conhecimento da nossa herança e de todos os nossos futuros possíveis, mas também ao Teatro de Formas Animadas, espécie de companhia residente do São João de Papel — vai falando o presente, através da digressão desta primeira criação, mas deverá falar sobretudo o futuro. Em novas iniciativas orientadas para os públicos da casa-mãe, ou tomando partido de um dos recursos mais evidentes deste teatrinho, a sua vocação portátil: novas produções, acções de formação de públicos…
Anfitrião ou Júpiter e Alcmena, de António José da Silva, entrevisto e adaptado pelo Teatro de Formas Animadas de Vila do Conde, fornece o argumento à criação que ora podeis ver. Deuses que se transformam em homens em nome do desejo inconfessável, homens confusos com a sua própria identidade, valores de honra que se evaporam na honra de ser enganado pelos seres irrepreensíveis, os deuses que habitam o eterno Olimpo. Assim são as personagens desta trama barroca, assim aqui “se fazem as cousas”. Um Teatro para brincar, um teatro para aprender, um teatro para inventar. Bem vindos. Sempre. "

11/21/2005

Marionetas de Fios




O boneco manipulado através de fios é aquele que, no imaginário da maior parte das pessoas, melhor representa o teatro de marionetas. Mas esta técnica é também alvo de grande complexidade formal, tanto na sua construção como no seu sistema de manipulação, cuja funcionalidade depende de uma compreensão adequada dos seus princípios mecânicos e estruturais. Trata-se de uma arte ancestral, que evoluiu a partir de pressupostos técnicos de base, incorporando permanentemente novas tecnologias e materiais ao longo da sua história.
O TFA - Teatro de Formas Animadas de Vila do Conde desenvolveu recentemente um modelo de formação para a construção de marionetas de fios profissionais, com 30 horas de duração (mínima). Trata-se de um curso inteiramente prático, baseado no conceito do "pêndulo complexo", que permite aos formandos o desenvolvimento de aptidões práticas na construção destas marionetas, utilizando os recursos técnicos de cariz tradicional, aliados às novas tecnologias disponíveis actualmente. O programa de trabalho incide sobre o funcionamento correcto das figuras construídas, através do reconhecimento e treino sistemático das técnicas de manipulação e animação, ou seja, uma utilização correcta e expressiva das marionetas confeccionadas pelos alunos.
A primeira edição deste curso realiza-se actualmente em parceria com o CEARTE (Centro de Formação para o Artesanato), em Coimbra, com o apoio do Instituto de Emprego e formação Profissional.
Para mais informações, pode-se contactar o TFA pelo telemóvel 969076967.

11/20/2005

O SOPRO DA VIDA


Anima - Termo latino que significa "sopro, alento, alma".
Este termo, normalmente aplicado no contexto "Teatro de Formas Animadas", veio substituir, na segunda metade do século XX, outras designações mais correntes como "teatro de marionetas" ou "teatro de bonecos", por apresentar uma definição mais abrangente e um conceito mais preciso, aplicado a uma forma artística que também encontra expressão paralela no cinema, na televisão e - mais actualmente - no ciberespaço. Trata-se de definir um conjunto de técnicas onde recursos visuais inanimados ganham vida através da intervenção de um ou mais actores-manipuladores. Uma vez animadas, estas matérias inertes passam a representar personagens autónomas, transmitindo conteúdos vitais e conflitos existenciais. Neste caso, podemos incluir acertadamente todo o tipo de bonecos animados (marionetas e fantoches, entre outros), máscaras, sombras e silhuetas, animação de objectos, imagem manipulada, etc.
Na sua vertente tradicional, as Formas Animadas envolvem um património artístico mundial de grande valor, cuja manifestação se encontra em risco de desaparecer. Rituais e festas populares são eventos onde os recursos animados têm um papel central. Em Portugal, temos exemplos como o do teatro de fantoches conhecido como "Dom Roberto", os "Bonecos do Santo Aleixo" ou as festividades com mascarados em Trás-os-Montes, Lamego e Vale de Ílhavo que, por mais de uma vez, estiveram à beira da extinção. Somente o conhecimento, registo e preservação deste tipo de acervo poderá oferecer às novas gerações bases sólidas para a criação de novos rumos no panorama artístico desta arte.
É importante valorizar as Formas Animadas, reconhecendo (nalguns casos escrevendo) a sua história e traçando o seu futuro. Nesse sentido, este blog poderá oferecer uma pequena contribuição.